Agência Fática

{fática} Indica: peças online INCRÍVEIS para assistir na quarentena

Teatro Oficina disponibiliza várias peças online! Crédito: Nelson Kon/ @uzynauzona/ Facebook

Esse período de isolamento social está cada vez mais difícil, não? Não há criatividade que resista a tanto tempo passado em casa, longe dos amigos e familiares. Para quem está com saudades dos palcos, os Fáticos fizeram uma lista de peças online.

É a chance de ver (ou rever) apresentações históricas no conforto da sua casinha. Claro que não é a mesma coisa que estar lá ao vivo, tendo aquela troca com os (as) artistas, mas, pelo menos, é uma maneira de manter a arte viva.

Confira a programação mais do que especial que preparamos para você – tudo ao alcance de um clique:

Plataforma Espetáculos Online

Uma boa sugestão para explorar esse universo é a plataforma Espetáculos Online. Basta clicar em “Entrar”, escolher entre teatro adulto ou infantil e navegar à vontade. Tem espetáculos de diversos estilos!

Um dos destaques é “Incêndios”, com direção de Aderbal Freire-Filho e Marieta Severo, Felipe de Carolis, Keli Freitas, Marcio Vito, Kelzy Ecard, Fabianna de Mello e Souza Julio Machado e Isaac Bernat no elenco. Veja o teaser:

O texto é do escritor, ator e diretor libanês-canadense Wajdi Mouawad e já foi adaptado para os cinemas. Na história, Marieta interpreta Narwal Marwan, personagem do Oriente Médio que imigra para o Canadá fugindo da guerra civil em seu país. A mulher deixa em testamento o desejo de que os filhos encontrem, na terra natal, o pai e o irmão ainda desconhecidos para eles. Clique aqui para assistir “Incêndios”.

Grupo Galpão

Tem companhia tradicional de teatro deixando muitos fãs felizes. O Galpão, grupo criado em 1982 em Belo Horizonte (MG), certamente é uma delas. Dois de seus espetáculos estão disponíveis na íntegra!

Com direção de Marcio Abreu, “Nós” estreou em 2016 e foi um sucesso. Na história, enquanto preparam a última sopa, sete pessoas partilham angústias, esperanças e muitos nós. A montagem debate questões atuais como violência e intolerância, a partir de uma dimensão política. O público presencia situações de opressão e de convívio com a diferença.

Uma das peças mais icônicas do grupo,“Romeu e Julieta” tem concepção e direção de Gabriel Vilela. O espetáculo circulou por 13 anos, completando 303 apresentações no Brasil, em vários países da América Latina, nos Estados Unidos e na Europa. Vale destacar que o trabalho teve duas temporadas no Shakespeare’s Globe Theatre, na Inglaterra (em 2000 e 2012).

Na encenação, a companhia transpõe a tragédia dos dois jovens apaixonados para o contexto da cultura popular brasileira, evocada por elementos presentes no cenário, nos adereços, na música e na figura do narrador, que rege à peça com uma linguagem inspirada em Guimarães Rosa e no sertão mineiro.

Parlapatões

Tem dica bacana para quem gosta da mistura de comédia, circo e teatro. O Parlapatões disponibilizou três peças online. O grupo paulistano encanta plateias desde 1991 e, em 2006, inaugurou um teatro na Praça Roosevelt, bem no centrão de SP.

Com adaptação de Hugo Possolo e direção musical de Fernanda Maia, “O Rei da Vela” apresenta o clássico homônimo de Oswald de Andrade de maneira hilária. A encenação enfatiza o caráter burlesco e festivo da obra, em clima de cabaré abrasileirado, com forte influência das linguagens do Teatro de Revista, do Circo e do Teatro Épico de Bertolt Brecht. O espetáculo estreou em 2018.

Em 2013, os Parlapatões estrearam sua primeira montagem de um texto do Molière, “O Burguês Fidalgo”. A comédia aborda as necessidades de uma classe em ascensão em sua desenfreada busca por prestígio social. Na história, embora seja casado, o Sr. Jordain, o burguês do título, tenta conquistar o amor de uma nobre para se projetar socialmente. Suas tentativas o expõem ao completo ridículo e revelam o quanto está cercado de interesseiros, que tiram proveito das ilusões que cria sobre si mesmo.

Também tem programa para curtir com os pequenos. “Clássicos do Circo”, de 2013, reúne números tradicionais e divertidíssimos da trupe. O palhaço Tililingo chega a um circo onde o Apresentador está desesperançado sem saber o que é o tal circo novo. Tililingo sugere que se faça tudo como antigamente para recuperar o ânimo do grupo. Tililingo divide a cena, ou melhor, disputa as atenções do Público com o Branco, o antagonista do palhaço Excêntrico que ele é. Reproduzem a eterna disputa entre duplas de desajeitados, na qual um se acha mais cheio de destreza que o outro.

Teatro Oficina

Assistir uma peça no teatro Oficina é participar de uma experiência única e ritualística. O grupo surgiu em 1958, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e passou por diversas fases. No fim dos anos 1960, a companhia encenou espetáculos que revolucionaram a dramaturgia brasileira, como “Pequenos Burgueses”, de Gorki e “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade.

Alguns de seus trabalhos estão disponíveis no YouTube do grupo. Por isso, aconselhamos você a fazer uma bela busca e se deliciar com aquelas obras. Para o período de quarentena, o Oficina está liberando o clássico “Os Sertões”, uma epopeia dividida em cinco partes. Acompanhe tudo neste link.

Fica a dica: o espetáculo “Why The Horse?”, de Maria Alice Vergueiro, fez uma temporada lindíssima no Teatro Oficina em 2017. A atriz, que convive com a doença de Parkinson desde 2000, festeja sua carreira de uma maneira diferente: o público acompanha o que seria o seu velório. Foram mais de cem apresentações da peça.

Grupo Magiluth

Fundado em 2004, o Magiluth tem um trabalho de pesquisa e experimentação constante na cena teatral recifense, sendo apontado como uma das principais companhias do país. Nos seus trabalhos, o coletivo busca um teatro independente, de realização contínua e de extremo aprofundamento na busca pela qualidade estética e com questões urgentes ao seu tempo.

Alguns de seus trabalhos podem ser vistos no canal do YouTube da companhia.

O trabalho “O Ano em que Sonhamos Perigosamente” teve como disparadores iniciais a obra cinematográfica do grego Yorgos Lanthimos e os pensamentos de Slavoj Zizek e Gilles Deleuze. A sinopse diz o seguinte: Essa coisa que eu fiz, dizem que vem dos gregos. É tipo… uma coisa. Tem beleza. É uma coisa que uma pessoa, ou um grupo de pessoas, fazem para outra pessoa, ou para outro grupo de pessoas. Pode ser algo planejado, ou algo inventado na hora. Essa coisa que você faz para o outro, tem que ser algo com o objetivo de apresentar uma situação e des- pertar sentimentos e reflexões. Dizem que vem dos gregos. Ah, essa coisa também pode ser o lugar onde se desenvolve isso. Esse tipo de coisa com beleza.

Texto clássico de Nelson Rodrigues,“Viúva, Porém Honesta” conta a história do diretor de um jornal influente que não consegue convencer sua filha única a deixar de velar seu marido. O pai contrata uma ex-prostituta, um psicanalista e um otorrinolaringologista – todos charlatões – para dissuadir a filha do luto e querer se casar novamente. Como nenhum dos contratados achou uma solução para o caso, o jeito foi ressuscitar o morto para que ela, de apenas 15 anos, deixasse de ser viúva. O grupo aposta no despojamento de cena, em que a precariedade dos elementos impulsiona os atores ao jogo teatral. Enquanto esteve em cartaz, todos os personagens eram revezados pelos seis atores que executaram a montagem dirigida por Pedro Vilela.

Cia do Sopro

A companhia paulista Cia do Sopro nasceu em 2014. Para quem quiser ver – ou rever – o trabalho deles, basta acessar o canal do grupo no YouTube.

Em “A Hora e a Vez” a companhia mergulhou no universo de Guimarães Rosa para construir esse solo. Com direção sensível de Antonio Januzelli, o Janô, a peça conta a história de Nhô Augusto, que cai em uma emboscada liderada por Major Consilva e é dado como morto. Socorrido por um casal, consegue sobreviver.

Quando se recupera, vai viver longe do Murici e decide dedicar sua vida ao trabalho, à penitência e à oração. Depois de anos de reclusão, no povoado do Tombador, decide partir. O destino o leva ao Arraial do Rala-Côco, onde o reencontro com o amigo e poderoso cangaceiro Seu Joãozinho Bem-Bem provoca nova reviravolta em sua vida.

Cia Elevador de Teatro Panorâmico

Exatamente no ano 2000, a Cia Elevador de Teatro Panorâmico despontava nos palcos paulistanos. Dirigida por Marcelo Lazzaratto, a companhia costuma explorar a técnica do campo de visão, em que atores e atrizes podem interpretar qualquer papel nos espetáculos. O grupo administra um charmoso espaço no Bixiga.

O coletivo disponibilizou o espetáculo “Ifigênia” no YouTube: a peça utiliza o campo de visão e é baseada na tragédia “Ifigênia em Áulis”, de Eurípedes. Na fábula, Agamêmnon, comandante das forças gregas que se preparam para atacar Troia, precisa sacrificar sua filha Ifigênia. Isso acontece para que a deusa Ártemis faça os ventos voltarem, para que os gregos possam partir.

José Fernando Peixoto de Azevedo

Considerado uma das principais vozes do teatro negro, o diretor José Fernando Peixoto de Azevedo concilia o trabalho nos palcos com o mundo acadêmico. Ele também é diretor da Escola de Arte Dramática (EAD) da Universidade de São Paulo (USP). Entre as suas peças estão “Navalha na Carne Negra” e “As Mãos Sujas”.

“As Mãos Sujas” estreou em 2019 e fez duas temporadas em São Paulo. O espetáculo é baseado na obra homônima de Jean-Paul Sartre. Os espectadores acompanham a trajetória de um jovem que precisa fazer um acordo entre partidos políticos. A montagem também dialoga com o universo do filme “Terra em Transe” (1967), do cineasta Glauber Rocha, cuja estética inspirou os figurinos e a trilha sonora executada ao vivo por Guilherme Calzavara.

Tiago Rodrigues

O ator, diretor e dramaturgo português Tiago Rodrigues foi homenageado na MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo deste ano. Em seus espetáculos, realidade e fantasia se misturam de um jeito bem poético. Desde 2015, ele é o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, um dos principais teatros da Europa.

Por conta do coronavírus, as apresentações de “Sopro”, que aconteceriam na MITsp foram canceladas. Mas é possível assistir à peça online, em uma gravação feita no Festival Theaterformen, na Alemanha. Trata-se de uma homenagem às artes cênicas e seus bastidores. A montagem é construída a partir das lembranças de Cristina Vidal, que, há quase 30 anos, trabalha com o ponto (a pessoa que sopra as falas para atores que se esquecem do texto) no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. Pela primeira vez, essa personagem das sombras está sobre o palco, acompanhada por cinco atores.

Nelson Baskerville

O consagrado diretor, ator, autor e artista plástico brasileiro costuma trabalhar com teatro, cinema e televisão. Foram mais de 15 montagens dirigidas por ele. Uma delas está online!

Com dramaturgia de Luiz Farina, o espetáculo “Carmen” explora a história da mística cigana que inspirou grandes obras, como a ópera de Bizet, o filme de Carlos Saura, a peça de Gerald Thomas e até uma novela da Gloria Perez. Desta vez, o público conhece o mundo fascinante e perigoso da boêmia que se opõe às normas burguesas, sem temer a morte.

E para quem quer vê-lo em cena como ator – ao lado da atriz Natalia Gonsales, tem outra peça imperdível online. Em “Fóssil”, com texto de Marina Corazza e direção de Sandra Corveloni, o espectador conhece detalhes sobre a guerra curda em meio ao processo de libertação da mulher no Oriente Médio. O espetáculo mescla histórias de curdas torturadas na Síria com memórias de brasileiras no período da ditadura militar.

Malú Bazan
A atriz e diretora argentina Malú Bazan tem importantes espetáculos no currículo. Uma de suas peças está online para todo mundo!

O texto de Marina Corazza “Aproximando-se de a Fera na Selva” foi escrito a partir de “A Fera na Selva”, de Henry James, e das biografias dos escritores norte-americanos Henry James (1843-1916) e Constance Fenimore Woolson (1840-1894).

Anderson Moreira Sales

Anderson é bacharel em Teatro pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 2015, atuou, dirigiu e escreveu a dramaturgia do monólogo “Lujin”, indicado ao Prêmio Açorianos, a principal premiação do Rio Grande do Sul, nas categorias de melhores espetáculo, ator e dramaturgia, tendo vencido nesta última.

Seu segundo texto, “57 Minutos – o Tempo que Dura Esta Peça”, estreou em 2019 e foi indicado do Prêmio Aplauso Brasil na categoria dramaturgia. A peça está disponível online.

Cirque du Soleil

A companhia canadense criou uma plataforma para disponibilizar conteúdos gratuitos durante o isolamento social por conta do coronavírus. É a chance de conferir momentos únicos do grupo!

Se liga: quem tiver óculos de realidade virtual em casa pode baixar quatro vídeos que permitem uma imersão nos espetáculos “Kà”, “Kurios”, “Luzia” e “O”. Mas, se você não tem, não precisa ficar triste. É possível curtir a plataforma assistindo outros conteúdos, como o especial de 60 minutos que reúne cenas marcantes desses artistas – e algumas com ângulos inimagináveis! Há, ainda, vídeos com técnicas de maquiagem.

Gostou dessa seleção? Aproveite para conferir nossas dicas de jogos de tabuleiro para curtir na quarentena – e na vida, claro !

{fática Indica} Jogos de tabuleiro para matar o tédio na quarentena